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Comunidade

A construção da história local deve ser feita dando-se voz à comunidade. As memórias e experiência coletivas são consideradas de extrema importância para sua elaboração. É com essa intenção que nos debruçamos sobre a Comunidade Santa Cruz dos Navegantes. Buscamos a voz de sua gente, daqueles que construíram seu lugar e que merecem ser registradas, mesmo esquecidos pelo poder público.

Ao buscarmos documentações e relatos, por meio de sites na internet – onde estão as principais fontes de informação que nós temos na atualidade -, que nos permitissem ter acesso ao conhecimento sobre o início da ocupação, a implantação de serviços de saneamento básico e iluminação, escolas, centros de unidades de saúde e dentre outras referências que nos revelassem a história do local, fomos surpreendidos com a falta de informações disponíveis. É possível apagar ou manter no esquecimento perpétuo uma comunidade?

Por meio de estudos de campo, que nos fez adentrar à comunidade e conhecer de perto a realidade vivenciada pelos moradores e as condições em que se encontravam os serviços de pavimentação e reparos da comunidade, sentimos a necessidade de conhecer mais sobre aquela população. O local nos apresentou pessoas; pessoas com histórias para contar e com vontade de serem ouvidas, reconhecidas. Como fruto do destino, essas pessoas nos encontraram, com desejo de ouvi-las e de inseri-las na história em que foram arrancadas.

O enredo da história dessa comunidade vai se construindo por meio da história oral, presente na fala e depoimentos de moradores coletados pelo grupo. A cada entrevista realizada, com figuras que presenciaram o início da construção do local, e que se fizeram presentes nas lutas para conseguirem melhorias para as suas condições físicas, a memória de cada morador perante a história esteve em evidência, e foi essencial para compreendermos e começarmos a traçar uma linha de acontecimentos cruciais para a elaboração da tão esperada história da comunidade de Santa Cruz dos Navegantes. Essas figuras finalmente poderão ter a sua história conhecida por todos que a desejarem conhecer.

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Através de
novos olhares

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Para estudar a relação entre os indivíduos em um determinado território, primeiro é necessário compreender que a cidade, como espaço de sociabilidade, é negada a certos indivíduos tanto fisicamente quanto socialmente.

Ter noção de como esse indivíduo marginalizado convive com sua realidade é imprescindível para ler como é existir em número e não como humano.

Por isso evidenciar a existência nas periferias da cidade, na falta de saneamento, de planejamento e de assistência pública é também olhar para como esses, habitam a periferia da sociedade.

Por motivações claras, o apagamento de quem são e de como vivem deixa a periferia em uma obscuridade que deve se manter assim, para o sujeito que vive ali tudo o que a ele é conhecido nunca pode ser ressaltado, o que ele gosta de fazer como atividade seja do seu meio social, cultural e expressivo é catalogado violento, mal-educado ou vagabundagem, quebrar esse estigma todo é tarefa de uma discussão maior e mais árdua.

 É ver que existe dentro das pessoas a vontade e a necessidade de existir em festa (no sentido de comer, beber, dançar, falar, visitar, caminhar e correr) e culturalmente consumir o que gosta, para a periferia dessa cidade, a negação recorrente atinge tanto sua existência física, vive e consome a precariedade, quanto a sua existência expressiva, esse apagamento muitas vezes cria um apagamento, nos amplos sentidos, do que é existir para esse sujeito

Pensar na cidade, nas políticas urbanas e na questão de uma dignidade de acesso e moradia, coisas que não são reafirmadas pelas governanças nas periferias, é compreender que a negação política e social que a cidade promove são proporções que limitam a efetividade desse “existir em festa”.

Os parâmetros apagados para os indivíduos consomem as suas existências e os leva para uma marginalidade que os impede de serem vistos, lidos e respeitados.

O resgate histórico desse indivíduo é objetivo principal para a percepção da identidade. A memória foi negada a eles mas não esquecida por eles, o encaminhamento de todo esse parecer é que, existindo, é necessário que sejam reafirmados como pessoas que até o momento não tiveram sua “vida em festa” percebida, mas que necessitam ter a pista de dança para avançarem com o todo que são compostos, ou seja assumirem o protagonismo da história e do espaço que vivem.

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