Caracterização
A Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande, datada de 1584, diferentemente de outras fortificações, não foi apenas um ponto de defesa contra inimigos estrangeiros. A edificação foi, principalmente, um sinal do poder e controle de Felipe de Espanha sobre os habitantes de São Vicente e daqueles que eram em prol do trono português. Essa fortaleza também possui laços históricos com as mais importantes fortificações existentes no mundo: o sistema defensivo de Havana, as muralhas de Cartagena e os fortes de San Filipe, em Porto Rico, e de Alicante, na Espanha, uma vez que foram projetadas pelo mesmo engenheiro arquiteto, Juan Bautista Antonelli, que aqui trabalhou segundo as ordens de Felipe II.
Hoje, mais de 400 anos depois, a edificação ainda marca o cenário da entrada do porto de Santos, mas não traz consigo a significação original, atrelada à defesa militar. Possui, sim, uma significação difusa, porém referencial para os que nela tem algum afeto ou sentimento léxico, algo que o projeto pretende mapear.
Em 2015, o governo federal, por meio do IPHAN – Instituto do Patrimônio Histórico Nacional – enviou à UNESCO a indicação de um “conjunto de bens seriados composto por dezenove fortificações coloniais”, representativo de todas as regiões geográficas do Brasil. O Estado de São Paulo está representado pelo Forte de São João, Bertioga – cuja construção data de 1551 – e pela Fortaleza de Santo Amaro da Barra Grande, Guarujá, que data de 1584. O Estado de São Paulo conta com um bom número de bens patrimoniais de valor universal, porém não possui nenhum que detenha o título de Patrimônio Cultural da Humanidade. No Brasil, dez estados da federação são detentores de quinze bens culturais, além de outros reconhecimentos internacionais agraciados pela UNESCO – Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura. A proposta será avaliada até 2025 pelo Conselho Mundial da UNESCO, com sede em Paris.
Este longo percurso – 2015 a 2025 – é intencional e tem por finalidade propiciar uma janela de tempo razoável para que os administradores locais preparem e consolidem os bens culturais indicados e promovam a conscientização da sociedade sobre a importância e o significado desse reconhecimento universal. Tal conscientização deve-se dar por meio do “Pertencimento”, ou seja, por meio de um atributo afetivo relacionado com o valor subjetivo expresso em políticas para a preservação física dos monumentos históricos de origem militar colonial.
Esta jornada de sensibilização é, em si, mais representativa e importante, do que a premiação ao final da empreitada. Todos os demais atributos dessa avaliação patrimonial trazem consigo o sufixo de qualidade – acessibilidade, visibilidade, autenticidade, sustentabilidade e adaptabilidade – e podem ser apresentados como projetos a realizar. A atenção do Grupo, no momento é, portanto, com o Pertencimento, no senso íntimo presente na sociedade que vive no entorno de cada uma das fortificações coloniais e, também, nos municípios, nos estados e nas regiões geográficas.